Ao
propor a projeto interdisciplinar com os alunos do sétimo ano sobre o problema
que impacta nosso bairro, ou seja, o despejo de esgoto na lagoa, quis-se ir
além da iniciação científica dos alunos, propunha-se também que aproveitássemos
uma prática social relevante para engajá-los nas produções textuais mais
significativas para eles, vencer as barreiras do “isso é chato”, “é muito
difícil” ou “não sei fazer”, “não consigo por no papel” dentre outras desculpas
para não escrever.
Durante
e após as investigações e atividades de prática científica, os alunos leram
muitos textos jornalísticos, inclusive artigos científicos adaptados e
selecionados pela professora, dentre vários outros gêneros discursivos como
trecho da Constituição Federal, cartas de solicitação, convites de audiência
pública, mapa mental, leitura de revista de ciências, tudo isso para poderem
escrever ao longo do projeto.
Com
a conclusão dos experimentos científicos com as amostras de águas coletadas na
nascente e na lagoa, os alunos puderam medir o pH e a turbidez dessas amostras.
E nas aulas de Ciências, sob a orientação e supervisão da professora,
produziram os relatórios de experimento científico. Isso no meu projeto
configurou como a primeira produção escrita, sob a inspiração do que diz Dolz
“após uma apresentação da situação na qual é descrita de maneira detalhada a
tarefa de expressão oral ou escrita que os alunos deverão realizar, estes
elaboram um primeiro texto inicial, oral ou escrito, que corresponde ao gênero
trabalhado” (SCHNEUWLY e DOLZ, 2004, p. 98).
Assim, nas aulas de Língua Portuguesa, após uma análise das
produções, elaborei oficinas que pudessem capacitar melhor os alunos na
nova produção dos relatórios de experimentos científicos, a partir de vocabulário
científico adequado, já que “aprender Ciências é ser aprendiz das práticas
discursivas da comunidade científica” (JIMÉNEZ-ALEIXANDRE, 2006, p.3).
Propus aos alunos que usássemos um dos modelos instrucionais
aplicados por Dias e Arroio (2011), para a produção do relatório de
experimento, privilegiando o estudo das bases temáticas compostas pelos tipos
textuais de exposição, descrição e argumentação para reescrever o gênero
discursivo estudado, ancorado em alguns teóricos importantes e por fim, tentamos
usar como base para organizar a argumentação no relatório os teóricos Driver,
Newton e Osborne, além da Wachowicz sobre a argumentação por probabilidade.
O resultado está na nova escrita dos alunos, após uma maratona de
aulas interativas, participativas, às vezes chatas pra poderem compreender as
explicações, mas muito produtivas.
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